Saturday, January 31, 2009

a cerveja é uma coisa que pode ter muitas cores

Friday, January 30, 2009

"Eles, simplesmente, não se interessam". Como? Estar no mundo e não ter curiosidade por ele, não querer sair e cheirar como os cães. Tenho os ombros doridos de carregar os sacos do Aldi. 2 litros de leite, duas de branco, uma de tinto. As coisas que movem e aquelas que fazem mover dispõem-se numa montra. Não preciso de mais nada, é só escolher uma marca e pô-la no carrinho. Antes tive de trabalhar, agora sinto-me quente.

obrigado, mariana, pelas músicas. nine horses tem sido a banda sonora do meu quarto.
Não concordo que se deva comprar bolachas a trinta e nove cêntimos, mas foram as únicas que me pareceram apetitosas no supermercado.

Thursday, January 29, 2009

(parentesis)

(NOTICIÁRIO: Como já deu para perceber encontro-me em Haia, neste momento. O espírito deste blog nunca foi criar um diário, vou tentar que isso não aconteça. Continuará a ser sobre coisas. Entretanto a minha amiga Ana teve a bela ideia de criar um outro blog em conjunto: entrelisboaehaia.blogspot.com Aí sim, não resistirei a escrever uma espécie de diário para partilhar com os meus amigos o que se vai passando aqui. Alguns deles também têm acesso ao blog para me contarem o que se vai passando em Portugal.)
As coisas até iam correndo bem... ela ia sorrindo e estava a gostar da conversa, sim, Grécia e Portugal têm muitas coisas em comum (demasiadas). Mas depois o Kosmas pediu-me que lhe passasse o copo de tinto italiano e splash.

Wednesday, January 28, 2009

den haag HS station

Holland Spoor. Olho de frente para ti. Vigias-me?, não me vigias. Tenho a cortina aberta, não há problema em veres-me. És-me. Agora, sou daqui. Vizinhos, sim, e uma garrafa de tinto, pode ser. Podemos fumar um cigarro, não há problema, tenho umas boas costas, só os joelhos me traíram umas quantas vezes. Níveis sob controlo. Não me quero guardar em âmbar. O vento corta-me a cara e não há cortinas: caminha mais, vê-me mais, apalpa. Nem sangue, nem medo. Só aqui, insónia.

Sunday, January 11, 2009

buddha love

(um casal a subir uma rua, dizia a mulher para o homem)'Tu só me deitas a baixo' (eu sigo, finjo não ter ouvido) (não resisto, olho para trás) A acção ácida faz parte da natureza do casal. Passam das trincas às dentadas com a maior rapidez.
Não admira que se amem.

Friday, January 9, 2009

em lisboa?

Parcas e galochas. Não havia uma única pessoa no metro sem sobretudo (exceptuando-me). Cachecóis, gorros, luvas, tudo o que tenho direito para me aquecer. Proteger-me do frio é um dever cívico que justifica comunicados à porta do mini-preço. (acho que toda a gente o respeitou, menos eu).
Andar de sobretudo é sinal de pobreza. Nos países ricos, neva, e ninguém precisa de ser avisado para vestir casacos.

se faz frio em Portugal, arrepiamo-nos.

Wednesday, January 7, 2009

"the answer is blowin' in the wind"

As vindimas deviam ser feitas em Janeiro. Assim, calçava as galochas pretas e ia para os montes colher as uvas. Pegava num cacho, olhava para o rio, pegava noutro e não fazia mais nada. Teria o tempo sem fim. Só os montes gritariam: trabalha. Nem o vento me abanava as ideias, nem o governo caía.



desculpem por 1963

disse-me a minha avó ao telefone às 20.45

"Quando acabou o preço certo foi quando fui logo para a cama. E ainda tenho os pés gelados."

Tuesday, January 6, 2009

passado-presente-

Percorro as leis do meu país. Rígidas. (artigos, alíneas, ressalvas, emendas, erratas, ‘espere lá que não é bem assim!)
Antigamente, uma única tábua bastava. Podemos ser a primeira geração a crescer sem religião, mas somos, com certeza, a primeira a ver o sangue causado por ela, todos os dias, na televisão. Não lemos nenhum sermão, nem sabemos citar nenhuma passagem da bíblia. Mas vemo-la nos estilhaços que se encravam nos corpos, no ataque suicida e no dinheiro da minha avó na caixinha de esmolas. Sentimo-la e criticamo-la como nenhuma outra geração. Desapegados, não conhecemos nem agapê, nem eros, nem nada (obrigado catequista). Se for preciso, incendiamos o teu carro para perceberes que alguma coisa corre incrivelmente mal. Não é preciso comprar uma viagem ao deserto, basta pedir uma opinião. Não há doutrina nem ela interessa.
Passado e presente.

hoje, de manhã, ia no comboio a observar uma pessoa a dormir.

à tarde, descobri que tinha olhos verdes.

Monday, January 5, 2009

no pants day!

no pants. dia 10 de janeiro de 2009. 15h. estação de metro de telheiras. mais informações em improvLisboa

promete!

israel - palestina

A guerra é a coisa mais fácil de esquecer para quem não a viveu.
Ela aparece nos ecrãs com toda a sua pujança e tons vermelhos: soltamos um 'coitados deles', acabamos a torrada com mel, e esquecemo-nos mal nos dizem que ela acaba.
Se a guerra for entre israelitas e palestinianos, então, ainda mais rapidamente desaparece da nossa memória. Esses, não são 'coitados', são 'habituados'.
Mas há sangue. Já morreram centenas de palestinianos (e três ou quatro israelitas): é essa a verdade, é apenas isso que importa.
Já nos esquecemos do Kosovo, do Líbano, da Geórgia (do Vietname não, porque há muitos filmes), mas as pessoas que as viveram têm-nas marcadas no ADN, não esquecem porque a guerra deixa cicatrizes no corpo, na cabeça e no sentir. Irreversíveis.
Os palestinianos estão encurralados. Que se lixem as ameaças que o Hamas fez a Israel, nada é justificação: é daquele lado que se está a morrer. Há um muro enorme que apenas deixa passar os mísseis, nem água, nem pão, só mísseis.



se puderem, passem por este blog

Sunday, January 4, 2009

desejo uma lata de baked beans, abri-la, comer os baked beans. a paisagem é sempre a mesma, não posso voltar atrás. o pior de tudo é quando o sofá sente a minha falta, nunca suportei vê-lo chorar.

Saturday, January 3, 2009

pariu como uma portuguesa, sem guinchar. deu à luz um menino forte chamado João. Se pudesse, ai se pudesse!, tinha dito que a amava.

subterrâneo de um prédio de oito andares.

existem 12 lugares de estacionamento, algumas manchas de óleo no chão e um relógio pendurado ao lado dos elevadores.
comeu uma carcaça com queijo flamengo, olhou para as horas e arrancou com o carro.

caos calmo

século XXI, não há nada que enganar, constróis a empresa, crias postos de trabalho, tens isenção de certos impostos, depois fundes a empresa com outra empresa, destróis postos de trabalho, ficas mais rico.
Mulher morta, filha, irmão, irmã da mulher, amiga da filha, vizinha da casa de férias, mães das amigas da filha, emprego, tu.
Um banco de jardim e tudo parece calmo, mas não está.