Sunday, February 24, 2008

O que é essa coisa da sinceridade?
- Não têm uma moedinha para curar a ressaca? EU so fumo, não injecto!

O que é isso da sinceridade?
- Não tive coragem para dizer...

O que é isso da sinceri...

Thursday, February 7, 2008

into the wild




into the wild.
Tenho pensado muito nisso, numa existência no campo, junto do vento e dos aromas dos pomares. Pensado em tardes apanhando sol numa varanda, sobre as planícies, na companhia de um livro e de outro alguém a ler. Pensado nisso para quando me reformar...
Agora não. Agora preciso de prédios e de noite e de barulho e de mais e mais e mais. Ainda é muito cedo para a minha existência no campo por mais de 15 dias. A não ser que o campo assuma a energia das cidades. E como isso não vai acontecer... continuo a precisar das pequenas (grandes) mentiras e dos pequenos (grandes) prazeres da vida na cidade.
Fui ao cinema ver um filme sobre um rapaz que se fartou. Fartou-se da farsa que é esta vidinha de parecer bem... Quanta mentira há atrás de um casamento feliz. O casamento dos pais dele era uma tremenda encenação. E o casamento dos pais dele era real. Igual a tantos, tantos outros.
Exemplar, tirou A's na maior parte das cadeiras, tinha um futuro assegurado. Devia começar a ganhar bem, trocar o seu Datsun velho e casar-se. Deste modo poderia perpetuar a mentira feliz de uma casa com cerca branca e dois filhos a brincar no jardim. Quantas mentiras felizes se passeiam pelas ruas desta cidade... Tolstoi escreveu em A Sonata de Kreutzer que "amar um homem ou amar uma mulher para toda a vida era como acreditar que uma vela poderia arder eternamente". A personagem do seu livro viveu sempre na amargura, desde o momento em que começou a pensar. Depois casou-se, depois não acreditou que a vela se podia apagar, depois viu o violista junto da sua mulher, matou a mulher e, no final, continuou a viver amargurado até contar tudo isto a um estranho. "Perdoe-me..."
Não eram essas as intenções de Christopher J. McCandless. Decidiu partir. Into the wild. Sem avisar ninguém. Sem deixar rasto. Ir-se embora, simplesmente, encontrando-se com o mundo, pondo em prática aquilo que leu. "Não te envolvas demasiado com as tuas leituras..." O envolvimento, para ele, foi inevitável. Sozinho, foi conhecer as sensações do mundo e conheceu muita gente pelo caminho, uns que procuravam o mesmo, outros que viviam apenas. Chegou mesmo a dar, aos vinte e três anos, maiores do que aquelas que recebeu, lições de vida a um velhote reformado. Momentos irónicos e bonitos. "Deixa-me adoptar-te..."
Depois a aventura, o Alasca. Sobreviver só com e da Natureza. Fazer parte dela até às últimas consequências.
De vez em quando, a voz-off da irmã contava-me mais alguns pormenores da sua vida. Tive pena dela. Ia entrando cada vez mais na história, sentindo e percebendo que aquele seria o único caminho possível.
Lembro-me cruelmente de uma parte em que, depois de terem aparecido lindíssimas imagens de campo e deserto, voltamos à cidade. Arranha-céus! Que violência, exagero, sobrepovoação. Pergunto-me se será mesmo aquele o lugar onde desejamos viver. O expoente máximo da realização humana.
Estar sem mais ninguém durante muito tempo deve ser das experiências mais perturbantes do humano. Não sei se tinha paciência para mim mesmo... Procurar a verdade última das coisas pode ser absolutamente pavoroso! McCandless,ou melhor, Super-tramp é um exemplo. Até onde podemos ir quando optamos pela sinceridade, quando a sinceridade é a nossa única moeda de troca com a vida? Longe, muito longe. (de mais até, se calhar.)
Muito mais que um filme, muito mais que paisagens inebriantes ou uma sensação forte de aventura, os minutos que perdi a ver aquelas imagens fizeram-me desejar a sinceridade, dar um grito e rejeitar a farsa. Tal como McCandless fez, embrenhar-me na natureza. Mas, talvez, não sozinho e, talvez, não no Alasca.
A frase que me apetecia transcrever agora, não a vou transcrever. É simples e não é original, mas é melhor lê-la no final do filme... quando tudo fizer sentido

Carnaval é à Terça


Superterça-Feira?
Super quê?
Super-Duper-Tsunami Tuesday!
Não sabia que gostavas assim tanto do carnaval, divertiste-te muito, foi?
Carnaval, o que é isso?

Se não foi por causa do carnaval, porque raio deveria esta terça-feira ser tão Super-Duper-Tsunami?

Abro um jornal. 'Superterça-Feira adiou certezas nas nomeações para a Casa Branca' ... Humm Clinton, Obama (Osama, não Mr. Bush!), McCain. Dá ideia que ontem foi um grande dia para essas pessoas. Levaram milhares de outras a fazer cruzinhas num papel. (Será que por lá ainda se fazem cruzinhas em papel?) Mas que grande festa! E para além do mais não tiveram de dançar samba, em bikini, à chuva. Devíamos ter-nos lembrado antes disso. Em vez de imitarmos o Carnaval do Rio (ouvi dizer que por lá também choveu) imitávamos o festim das eleições americanas. Era bem mais divertido e, nos entretantos, ainda podíamos agitar bandeirolas com o nome do nosso candidato favorito.
Uma mulher, um afro-americano ou um homem. Ouço o discurso deles. Em que medida é decisiva a diferença na cor da pele, do sexo ou da não diferença? Nada disso conta. Não é isso que conta. Espanta-me ouvir as pessoas sãs da televisão ou dos jornais estarem sempre a falar da mulher, do afro-americano e do homem. Para além do choque, da imagem, dos maneirismos ou da indumentária, essas circunstâncias, não passam disso mesmo, circunstâncias. Poucas são as oportunidades que temos para ouvir os candidatos reflectir sobre os seus planos para a América e, portanto, para o mundo. Soube que Obama viveu durante algum tempo num prédio perfeitamente degradado nos subúrbios de Nova Iorque e lá ganhou consciência da realidade crua em que vive grande parte do povo (sonho) americano. Ratos e canos e nada. No entanto, dizem que é Michelle, do alto do seu metro e oitenta, que é a arma secreta dele. Ele viu. E ela, a outra mulher? Ela já se passeou pela Casa Branca, ela já soube que o seu marido piscou o olho a uma Monica qualquer (e, mesmo assim, será ele também uma arma?). Ela conhece aquele mundo. Dizem que tem bom-senso, inteligência e experiência, ideias frescas que conduzirão a América a uma mudança para melhor. E o homem? O homem é do mesmo partido do outro, embora não queira seguir os seus mandamentos. O homem... é um homem.
Queremos todos mudar. (As eleições norte-americanas deviam ser umas eleições planetárias). Mas a mudança não se prende na imagem. Isso é só uma mudança na imagem. Politiquices. Dá jeito referir às cabeças do povo que é uma mulher, que é um afro-(quê?)-americano e que é um homem. Deixem-nos falar. Ou deixem-nos ouvi-los falar. A publicidade é que gosta muito da embalagem. Não devemos fazer o mesmo com a política. Olhemos para a Alemanha, como vai senhora Merkel? Então e o Paquistão, a senhora morreu, e agora, o que se passa por lá? Embalagens, embalagens, cambalachos.
O mais preocupante é que o povo enche um pote com um gato, ata o pote a um mastro, ateia fogo ao poste e prega um valente susto ao gato. Este ano o gato não fugiu. Se tivesse fugido não se tinha queimado na cauda. Garatem-nos que para o ano vai fugir. Para o ano vai fugir de quem? Da mulher, do afro-... ou do homem? Ou do Homem? Mas para o ano a terça-feira não vai ser super.

Fique na nossa companhia, voltamos já a seguir de um breve intervalo.