Thursday, February 7, 2008
Carnaval é à Terça
Superterça-Feira?
Super quê?
Super-Duper-Tsunami Tuesday!
Não sabia que gostavas assim tanto do carnaval, divertiste-te muito, foi?
Carnaval, o que é isso?
Se não foi por causa do carnaval, porque raio deveria esta terça-feira ser tão Super-Duper-Tsunami?
Abro um jornal. 'Superterça-Feira adiou certezas nas nomeações para a Casa Branca' ... Humm Clinton, Obama (Osama, não Mr. Bush!), McCain. Dá ideia que ontem foi um grande dia para essas pessoas. Levaram milhares de outras a fazer cruzinhas num papel. (Será que por lá ainda se fazem cruzinhas em papel?) Mas que grande festa! E para além do mais não tiveram de dançar samba, em bikini, à chuva. Devíamos ter-nos lembrado antes disso. Em vez de imitarmos o Carnaval do Rio (ouvi dizer que por lá também choveu) imitávamos o festim das eleições americanas. Era bem mais divertido e, nos entretantos, ainda podíamos agitar bandeirolas com o nome do nosso candidato favorito.
Uma mulher, um afro-americano ou um homem. Ouço o discurso deles. Em que medida é decisiva a diferença na cor da pele, do sexo ou da não diferença? Nada disso conta. Não é isso que conta. Espanta-me ouvir as pessoas sãs da televisão ou dos jornais estarem sempre a falar da mulher, do afro-americano e do homem. Para além do choque, da imagem, dos maneirismos ou da indumentária, essas circunstâncias, não passam disso mesmo, circunstâncias. Poucas são as oportunidades que temos para ouvir os candidatos reflectir sobre os seus planos para a América e, portanto, para o mundo. Soube que Obama viveu durante algum tempo num prédio perfeitamente degradado nos subúrbios de Nova Iorque e lá ganhou consciência da realidade crua em que vive grande parte do povo (sonho) americano. Ratos e canos e nada. No entanto, dizem que é Michelle, do alto do seu metro e oitenta, que é a arma secreta dele. Ele viu. E ela, a outra mulher? Ela já se passeou pela Casa Branca, ela já soube que o seu marido piscou o olho a uma Monica qualquer (e, mesmo assim, será ele também uma arma?). Ela conhece aquele mundo. Dizem que tem bom-senso, inteligência e experiência, ideias frescas que conduzirão a América a uma mudança para melhor. E o homem? O homem é do mesmo partido do outro, embora não queira seguir os seus mandamentos. O homem... é um homem.
Queremos todos mudar. (As eleições norte-americanas deviam ser umas eleições planetárias). Mas a mudança não se prende na imagem. Isso é só uma mudança na imagem. Politiquices. Dá jeito referir às cabeças do povo que é uma mulher, que é um afro-(quê?)-americano e que é um homem. Deixem-nos falar. Ou deixem-nos ouvi-los falar. A publicidade é que gosta muito da embalagem. Não devemos fazer o mesmo com a política. Olhemos para a Alemanha, como vai senhora Merkel? Então e o Paquistão, a senhora morreu, e agora, o que se passa por lá? Embalagens, embalagens, cambalachos.
O mais preocupante é que o povo enche um pote com um gato, ata o pote a um mastro, ateia fogo ao poste e prega um valente susto ao gato. Este ano o gato não fugiu. Se tivesse fugido não se tinha queimado na cauda. Garatem-nos que para o ano vai fugir. Para o ano vai fugir de quem? Da mulher, do afro-... ou do homem? Ou do Homem? Mas para o ano a terça-feira não vai ser super.
Fique na nossa companhia, voltamos já a seguir de um breve intervalo.
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1 comment:
O problema de todos é que ninguém aprendeu a viver sem enfeites, nem a encarar a vida sem laçarotes, sem maquilhagem, sem brilhantes. Injectam-nos sensasionalismos à espera que, drogados aos poucos e para sempre, nos esqueçamos do que é importante, do que deve mudar, do que está profundamente errado.
E há tanta coisa profundamente errada...
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