Na sexta feira passada fui visitar, no museu do chiado, uma exposição sobre os novos media. Esta visita fez-me reflectir sobretudo acerca da nulidade do ser humano perante um ecrã seja ele de que aparelho for. Despimo-nos do "eu" para tomar unicamente o espaço do espectador.
Na América do Norte, na década de 60, fazia-se uma experiência que consistia na colocação, a meio dos anúncios publicitários, de 30 segundos de pessoas comuns filmadas a olhar para o televisor (ou neste caso para a câmara) fazendo com que o espectador da cadeia de televisão, em sua casa, se visse reflectido naquela postura absolutamente vegetal e envergonhante.
Pessoalmente, acharia fantástico se voltassem a mostrar este tipo de "anúncios" para despertar a massa. Seriam interessantes simplesmente para nos fazer pensar, "será que não tenho nada mais interessante para fazer? olha para mim...". Claro que este tipo de sentimentos são altamente indesejáveis para quem gere os grandes canais de televisão. Pena que assim o seja...
O que seria a televisão ideal? Seria o espelho da sociedade ou, talvez numa visão mais platónica, a visão do melhor que a sociedade teria para oferecer de forma a moldar os comportamentos no sentido ascende?
Ouvi, hoje, David Buckingham afirmar que os media em geral (e a televisão em particular) criam um enorme paradoxo: por um lado, dão poder às pessoas através da informação, tornando-as cidadãos mais conscientes; por outro lado, retiram-lhes o poder de decisão individual. O que ser, onde estar e o que comprar passam para a esfera do colectivo.
Somos tão pequenos para lutar contra esta corrente, e tão grandes para a perpetuar...
Monday, November 5, 2007
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